Autor: Cleiton Heredia
Para os leitores deste blog que não estão familiarizados com os ensinamentos e doutrinas da Igreja Adventista do Sétimo Dia, irei dar uma rápida explicação sobre o que é este "Decreto Dominical":
Para os leitores deste blog que não estão familiarizados com os ensinamentos e doutrinas da Igreja Adventista do Sétimo Dia, irei dar uma rápida explicação sobre o que é este "Decreto Dominical":
Os Adventistas do Sétimo Dia, baseados nos Dez Mandamentos relacionados no livro de Êxodo capítulo 20, mais precisamente no 4º mandamento, entendem que o sétimo dia da semana (o sábado) foi separado por Deus como um dia santo ou sagrado. Eles defendem a ideia de que o sábado foi observado como santo pelos primeiros cristãos convertidos do judaísmo e do paganismo no 1º e 2º séculos, porém com as várias mudanças que foram introduzidas no cristianismo ao longo da história, muitas heresias ou ensinamentos não bíblicos passaram a fazer parte dos dogmas cristãos, entre eles, a mudança do sábado para o domingo legislada pelo supostamente convertido, Imperador Constantino, no ano 321 d.C.. Eles interpretam as profecias do livro do profeta Daniel capítulo 7 e 8 como predições destas mudanças, e interpretam as profecias neo-testamentárias do livro de Apocalipse, mais precisamente no capítulo 13, como um registro profético de mais mudanças que ocorrerão antes da Volta de Jesus, onde haverá uma obrigatoriedade global imposta pelos governos mundiais para a observância do domingo como um dia separado para o descanso. Ainda com base nas suas interpretações das profecias de Apocalipse eles entendem que esta imposição tem um caráter conspiratório que envolverá uma tríplice união de poderes, tendo o próprio Diabo como seu mentor e líder, mancomunado com os Estados Unidos da América do Norte, representando o protestantismo apostatado, e o Vaticano, representando a Igreja Católica Apostólica Romana. Os adventistas usam muito os textos da sua profetisa Ellen G. White, que prenuncia este decreto dominical desde 1858, inclusive afirmando que ocorrerá uma mudança na constituição norte-americana para que a liberdade religiosa naquele país não seja mais absoluta e assim possam ser criados meios de obrigar seus cidadãos a aceitarem este decreto. Eles afirmam que todos que aceitarem o domingo imposto por este decreto estará recebendo a marca da besta e terá perdido a sua salvação para sempre.
Desculpem se ficou muito extenso, mas este é o melhor resumo que pude fazer.
Bem, mas porque estou tocando neste assunto?
A razão é que desde ontem está circulando na mídia interna dos adventistas a notícia de que nesta segunda-feira (dia 20/06) a European Sunday Alliance (Aliança Europeia para o domingo - ESA) promoveu em Bruxelas, Bélgica, uma conferência sobre a proteção do domingo como jornada não laborável, sob o título "O valor agregado da sincronização do tempo livre".
A ESA é uma rede de alianças nacionais formadas por sindicatos, organizações da sociedade civil e comunidades religiosas, entre as quais também se encontram a Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia (COMECE) e a Conferência das Igrejas Europeias (KEK). Entre os temas tratados estão a segurança dos trabalhadores, o equilíbrio entre trabalho e vida profissional com a vida familiar, e a importância do fim de semana para a vida comunitária. Os organizadores assinalam que "o encontro procura informar os responsáveis políticos europeus sobre a importância de um tempo de qualidade sincronizado não só no aspecto cultural dentro do patrimônio europeu, mas também como um importante fator de construção da Europa social: uma UE consciente das exigências de seus cidadãos".
Será que a interpretação profética dos adventistas está correta e estamos realmente bem próximos da imposição de um decreto dominical que selará o destino eterno da raça humana?
Veja o que diz um proeminente defensor dos adventistas, Michelson Borges:
"O decreto dominical (praticamente o último sinal da iminência da volta de Jesus) será promulgado pelos Estados Unidos, mas essas iniciativas na Europa podem ser consideradas um ' 'ensaio' desse ato final. Quando a lei for aprovada pelos norte-americanos, os europeus (e certamente a maioria das pessoas nos demais continentes) a acatarão facilmente. E o ECOmenismo está aí para fornecer uma razão lógica para aqueles que não querem nada com religião (portanto, receberão a marca da besta na mão – estude Apocalipse 13). Estes dias são solenes; devemos aproveitar a calmaria que antecede a tempestade; como diz o pastor Erton Köhler: 'Jesus tem pressa de voltar.'"
Talvez a primeira pergunta que vem à cabeça de alguém que está tendo um primeiro contato com esta teoria de conspiração seja: Mas e como ficam os 1,5 bilhões de mulçumanos (25% da população mundial) que observam a sexta-feira como um dia santo e não estão nem aí para esta briga entre os cristãos?
Fui adventista por mais de 40 anos e nunca encontrei uma resposta satisfatória para esta pergunta. O máximo que consegui de explicação foi: Isto é um mistério que será revelado por Deus oportunamente.
Então tá! Vamos aguardar o desenrolar dos acontecimentos.
Nota: Texto extraído do blogue de Cleiton Heredia, que se formou em Teologia no ano de 1985. Fomos colegas de classe.
Enéias Teles Borges